terça-feira, 8 de julho de 2014

A Escolha (R. Carmo)



Mais do que destino. Mais do que coincidência. Uma escolha. E começaram, assim, como todo amor que se quer ser, começaram por escolher. A primeira escolha foi encontrar, sair de trás da tela do computador para viver uma história que trocasse de telas. É que amar pode ser evoluir de telas, mudar as telas que se ocupa. Mas da tela do computador, onde tudo começou, para a tela de um porta-retrato digital com a foto que algum melhor amigo tirou, percorreram alguns anos, até que a história deles pudesse ir para a tela da TV, a tela do cinema ou, menos pretensiosamente, a tela que a mente projeta ao se lembrar dos momentos fáceis ou difíceis, mas se lembrar de uma história que deu certo. Histórias que deram certo. Foi por gostarem de uma banda não tão conhecida que eles se tornaram conhecidos e puderam ser trilha de um grupo cada vez mais seleto, o “Grupo da História de Amor que deu Certo”. Só que foram além de um gosto musical parecido, da paixão pela mesma área profissional, da história clichê de procurar um espelho, vivida por qualquer um. Eles escolheram ter mais do que gostos, eles escolheram ter um ao outro em comum. Como caminho a amizade e, no peito, marcando os anos passados, um relógio, para cada um saber que nunca mais no tempo estaria sozinho, pois, quando se tem um amor-amigo, a verdade é que posso brigar com o amor enquanto no amigo me refugio. E se refugiaram e se escolheram, a cada dia, a cada tempo, a cada novo passo rumo ao recomeço. Pois seriam, e são, o que a vontade de ter sido deixou de trazer a cada amor que ouviu “não”. Menos do que ter a uma década que já se contava, de cada ano a ser, o amor a vir é que importava . Se a Esperança, finalmente, pedisse o Tempo em casamento, eles seriam o “sim”. Se a Amizade, discretamente, se casasse com o Amor, eles seriam a aliança. Se a Felicidade, aleatoriamente, jogasse algo para levar sonho a um grupo de Tristezas, eles seriam o buquê. Se a Dúvida, corajosamente, deixasse o Medo e se unisse à Certeza, eles seriam o filho. A história deles é mais do que, na tela, a história de um filme que continua ou a da felicidade que convinha, é a história que você queria que fosse a tua, a história que eu queria que fosse a minha. Mais do que fotos, um evento, para viver um local e planos de um herdeiro, eles tinham amor e amizade – o mais raro, o mais caro, o que fazia ser verdadeiro. O que os unia era a coragem de tentar, e, se você tem a coragem como escolha, não há amor que não se colha. A vida os fez chegar um ao outro, mas foram eles que escolherem permanecer. Em um tempo de pular de caso em caso, eles se disseram “eu caso”É que em um mundo onde amar se tornou casual, eles escolheram ser um casal. Mais do que sorte. Mais do que um acaso à toa. Uma escolha.