quinta-feira, 14 de junho de 2012

Garçom: Sonhos

Já passava da hora. Dias sem nem entrar em contato para pedir uma simples entrega. Que fosse!

A ocupação. Culpa dela. Sempre dela.

Bem, não é que eu não goste da minha rotina, mas acredito que sempre posso mudar um pouco. Pois é, isto não estava acontecendo nesses últimos dias.

Junho começou e mal tive tempo de dizer “bem vindo”...

Enfim, a semana quase se finda e eu não gostaria de terminar o dia com reclamações, é sempre melhor procurar algo para fazer...

Procurei. Para falar a verdade, tentei. Mas a rotina não me permitia uma fuga daquelas. Não naquele dia. Tentei então pensar quão próximo seria a minha ida ao refugio de uma simples mesa oito.

Ao contrário das outras vezes em que pensara em passar por lá, nem de perto pude olhar. Meus passos me levavam a mais um dia das tais ocupações e no meio de um corre-corre chamado vida, rendi-me ao cotidiano.

Engraçado, passei todo tempo pensando como seria chegar lá. O que dessa vez me surpreenderia? Talvez, como já ouvira, o lugar me era tão especial que eu me surpreendia apenas com o fato de lá estar...

Enfim, ponto final, destino diário. E lá se vai. Atrás de suas responsabilidades a mulher, que outrora se sentia uma menina, corre afim de não se atrasar. Mais do que o trânsito de uma cidade grande me permitira.

Olha só, desta vez não fui a primeira a chegar! Encontrei um grande amigo na hora e local marcado. Na verdade, antecipado.

Mas algo estava... Como dizer?
... Incomum!

Meu amigo notou que eu chegara enquanto falava ao telefone com alguém, ele me sorria, então percebi que aquilo mais parecia um alerta. Nada grave, apenas uma sensação já sentida, como que um dejavú. Aquele sorriso era especial. Não, não! Era surreal. Algo estava acontecendo, ou, ao menos, para acontecer...

... E eu ansiava por cada minuto que viria.

Ele entra numa sala. Ué, e meu sorriso? Meu “bom dia”? Onde estão os velhos bons modos?
Ahh... Ai de mim! Julguei precipitadamente, e quando vi, já estava lá, novamente com um sorriso a me esperar.

Mas ainda assim, um sorriso muito suspeito... E sublime.

Ainda não muito perto, noto que meu amigo está a segurar uma bola de bilhar. A bola preta. A bola oito.

Oito. E me vem à mente um lugar em que eu tanto gostaria de estar.

Por falar em mente, a vontade era tanta que conseguia sentir o cheiro de comida até onde não tinha. Ou tinha?

Ele olha dentro da sala e ri. Ri um sorriso daqueles de dar recados. E eu compreendi: Há mais alguém no lugar marcado.

Antes que minhas pernas pudessem pensar em correr ele sai.

Meu sorriso chegou às orelhas! Mas o que o trazia aqui? Aliás... O que ele fazia aqui?

Se saudades não sei. Não ouvi sons, não fui servida, fui contemplada.

E na tentativa de um abraço, no limite em que as pernas já nem andam, nem correm, um alarme começa a soar indicando que fui despertada.

Algo tão real que até então pergunto-me se aquele sonho foi real ou se fora apenas uma tentativa da minha realidade tão sonhada.

Um mar de silêncios que falaram muito mais que quaisquer palavras...





[E esta foi a primeira noite em que o garçom, sem nada declarar, invadiu os meus sonhos.]

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